28 agosto 2009

Lendas dos orixas: Oxalufan

LENDA DE OXALUFAN (A CRIAÇÃO DA TERRA)
Olorun, Deus supremo, criou um ser, a partir do ar (que havia no início dos tempos) e das primeiras águas. Esse ser encantado, que era todo branco e muito poderoso, foi chamado Oxalá. Logo em seguida, criou um outro orixá que possuía o mesmo poder do primeiro, dando-lhe o nome de Nanan. Os dois nasceram da vontade de Olorun de criar o universo.Oxalá passou a representar a essência masculina de todos os seres, tornando-se o lado direito de Olorun. Nanan, por sua vez, teria a essência feminina, e representaria o lado esquerdo. Outros orixás também foram criados, formando-se um verdadeiro exército a serviço de Olorun, cada um com uma função determinada para executar os planos divinos.Exú foi o terceiro elemento criado, para ser o elo de ligação entre todos os orixás, e deles com Olorun. Tornou-se costume prestar-lhe homenagens antes de qualquer outro, pois é ele quem leva as mensagens e carrega os ebós.Olorun confiou à Oxalá a missão de criar a Terra, investindo-o de toda a sabedoria e poderes necessários para o sucesso dessa importante tarefa. Deu a ele uma cabaça contendo todo axé que seria utilizado.Oxalá, orgulhoso por ter recebido tamanha honraria, achou desnecessário fazer as oferendas a Exú.Exú, vendo que Oxalá partira sem lhe fazer as oferendas, previu que a missão não seria cumprida, pois, mesmo com a cabaça e toda a força do mundo, sem a sua ajuda não conseguiria chegar ao local indicado por Olorun.A caminhada era longa e difícil, e Oxalá começou a sentir sede, mas, devido à importância de sua missão, não podia se dar ao luxo de parar para beber água. Não aceitou nada do que lhe foi oferecido, nem mesmo quando passou perto de um rio interrompeu a sua jornada. Mais à frente, encontrou uma aldeia, onde lhe ofereceram leite de cabra para saciar sua sede, que também foi recusado.Todos os caminhos pareciam iguais e, depois de andar por muito tempo, sentiu-se perdido. De repente, ele avistou uma palmeira muito frondosa, logo à sua frente, Oxalá, já delirando de tanta sede, atingiu o tronco da palmeira com seu cajado, sorvendo todo o líquido que saía de suas entranhas (era vinho de palma). Embriagado pela bebida, desmaiou ali mesmo, ficando desacordado por muito tempo.Exú avisou Nanan que Oxalá não havia feito as oferendas propiciatórias, por isso não terminaria sua tarefa. Ela, agindo por contra própria, resolveu consultar um babalawô para realizar devidamente as oferendas. O sacerdote enumerou uma série de coisas que ela deveria oferecer, entre elas um camaleão, uma pomba, uma galinha com cinco dedos e uma corrente com nove elos. Exú aceitou tudo, mas só ficou com a corrente, devolvendo o restante à Nanan, pois ela iria precisar mais tarde. Outros sacrifícios foram realizados, até que Olorun a chamou para procurar Oxalá, que havia esquecido o saco da criação com o qual criaria a Terra. Nanan, após terminar suas oferendas, foi atrás de Oxalá, encontrando-o desacordado próximo ao local onde deveria chegar.Ao saber que Oxalá havia falhado em sua missão, Olorun ordenou que a própria Nanan prosseguisse naquela tarefa com a ajuda de todos os orixás. E assim foi feito. Nanan pegou o saco da criação e o entregou à pomba, para que voasse em círculo. A galinha com cinco dedos foi solta, para espalhar aquela imensa quantidade de terra, e, finalmente, o camaleão arrastou-se vagarosamente, para compactá-la e torná-la firme.Quando Oxalá acordou, viu que a Terra já havia sido criada, e não o fora por ele. Desesperado, correu até Olorun, que o advertiu duramente por não ter reverenciado Exú antes de partir, julgando-se superior a ele. Oxalá, arrependido, implorou perdão. Olorun, sempre magnânimo, deu-lhe uma nova e importantíssima tarefa, que seria a de criar todos os seres que habitariam a Terra. Desta vez ele não poderia falhar!Usando a mesma lama que criou a Terra, Oxalá modelou todos os seres, e, insuflando-lhes seu hálito sagrado, deu-lhes a vida.Desta forma, Nanan e Oxalá desempenharam tarefas igualmente importantes, juntamente com a valiosa ajuda de todos os orixás, que possibilitaram o surgimento deste novo e maravilho mundo em que vivemos.


CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALUFAN

filhos de Oxalá são pessoas muito tranqüilas, com tendência à calma, inclusive nos momentos mais difíceis.São amáveis e prestativos, mas nunca subservientes, pois não se rebaixam a ninguém.Sabem argumentar muito bem, convencendo qualquer pessoa de suas intenções.Adoram limpeza e organização, sendo perfeccionistas em tudo que fazem, às vezes chegando ao exagero. Exigem, com veemência, a mesma postura das pessoas que o cercam.Geralmente essas pessoas aparentam mais idade do que realmente têm, devido ao seu amadurecimento precoce.Usam o raciocínio para resolver seus problemas, sendo esse o seu ponto forte, por isso, não são dados a explosões emocionais.Não gostam de mudanças, preferindo a rotina de uma vida tranqüila do que uma aventura sem garantias. São lentos em suas decisões, pensando muito antes de agirem. Mas, quando tomam uma decisão, são persistentes e perseverantes.São muito reservados em seus sentimentos e raramente orgulhosos.Sendo geralmente comunicativos e carismáticos, atraem muitos admiradores e amigos, que se sentem protegidos ao seu lado.Gostam de canalizar tudo em volta de si, como um grande pai.Dificilmente, um filho de Oxalá deixa sem auxílio uma pessoa conhecida. Nessas atitudes de solidariedade, eles assumem alguns riscos, e, não raras vezes, acabam prejudicados.Confiam demasiadamente nas pessoas, sempre vendo seu lado positivo, por isso correm um sério risco de serem enganados.Seu maior defeito é a teimosia, principalmente quando têm certeza de suas convicções.Adoram assuntos polêmicos, expondo seus pontos de vista a quem quer que seja.Um outro aspecto negativo na personalidade dessas pessoas é fugir de determinados problemas, deixando as coisas chegarem a um limite insuportável.Todos os filhos de Oxalá apresentam um porte majestoso ou, no mínimo, digno.


Origem e História
OSÀLÚFÓN saudoso de seu filho SÀNGÓ resolveu visita-lo , porém , antes consultou um BÀBÁLÁWO para saber se correria tudo bem nessa viagem . O BÀBÁLÁWO disse-lhe que não fosse , pois haveria contra tempos ; OSÀLÚFÓN , mesmo assim , quis aventurar-se . O BÀBÁLÁWO disse-lhe que a viagem seria muito perigosa , se realmente quisesse ir , deveria seguir tudo o que êle dissese . OSÀLÚFÓN aceitou e êle disse que levasse três peças de roupas brancas e sabão e aceitasse tudo que lhe acontecesse sem reclamar . OSÀLÚFÓN fez todas as oferendas que lhe foram confiadas e partiu , como era muito velho ia lentamente , apoiado em seu cajado . Encontrou logo em seu caminho ÈSÙ ÈLEPÒ PUPA , dono do azeite de dendê , sentado a beira da estrada com um barril de azeite de dendê ao lado , após uma troca de saudações , ÈSÙ pediu a êle que o ajudasse a colocar o barril sôbre a sua cabeça , êle concordou e ÈSÙ aproveitou para , durante a operação , derramar , maliciosamente , o conteúdo do barril sôbre OSÀLÚFÓN , pondo-se a zombar dêle . Este não reclamou , seguindo as recomendações do BÀBÁLÁWO , lavando-se no rio próximo , pôs uma roupa nova e deixou a velha como oferenda , continuando a andar com esforço e foi vítima , ainda por duas vezes , de tristes aventuras com ÈSÙ ELEEDU , dono do carvão , e ÈSÙ ALAADY , dono do óleo de palma , OSÀLÚFÓN sem perder a paciência lavou-se e trocou de roupa , após cada uma das esperiências , enfim chegou aos arredores de OYO e foi surpreendido pelo tropel de um cavalo que havia fujido , tentando agarra-lo . Os guardas vendo aquêle velho agarrado ao cavalo , confundiram-no com um ladrão , nessa época o roubo de cavalo era um crime inafiançável , pegaram-no e como era costume na época , quebraram-lhe as pernas , porque era assim que faziam com os ladrões . Preso e impossibilitado de comunicar-se com seu filho SÀNGÓ , pelos maus tratos , acabou por ficar aleijado .
Logo as coisas começaram a decair em OYO , as colheitas secaram , as mulheres ficaram estéreis , as colheitas não mais produziam , os animais começaram a morrer , as calamidades e doenças invadiram o reino de OYÓ . SÀNGÓ muito preocupado procurou um OLUWO , adivinho , este disse-lhe que tudo estava acontecendo por causa de um velho que encontrava-se preso em suas masmorras , em seu castelo , SÀNGÓ então dirigiu-se imediatamente para as masmorras , pois queria saber quem era esse velho que tantos danos a seu reino causara . Chegando ao calabouço , ordenou que abrissem a cela , para sua surpresa , em uma delas , encontrava-se seu pai , soltando-o imediatamente e suplicando desculpas , sendo perdoado . Então , como por encanto , tudo começou a prosperar em OYÓ . SÀNGÓ vestiu seu pai ricamente e banhou-o com as águas mais limpas das fontes , sercando-o com belas mucambas , OSÀLÚFÓN sentiu-se no paraíso , fartas colheitas e suntuosos banquetes foram-lhe sevidos , só tinha um porém , êle estava aleijado e não podia caminhar ; seu filho então presenteou-o com uma rica bengala de prata , ornada com pedras preciosas e pérolas , o ÀPÁ SÓRÒ .
Quando OSÀLÚFÓN teve que seguir para ILÉ YFÈ , cidade sagrada do povo YORÙBÁ , devido ao seu estado alquebrado , SÀNGÓ pediu a AYRÀ que o carregasse nas costas , AYRÀ era um Òrìsá no fundamento de SÀNGÓ , era um de seus servos de confiança . SÀNGÓ naquêle momento estava reconstruindo OYÓ , não podia ausentar-se da cidade e nem de seu povo , para redimir-se com OSÀLÚFÓN , pediu a AYRÀ que o levasse , pois sentia-se indignado com o que havia acontecido com seu pai , mesmo sabendo que não havia sido de propósito .

LENDASOxalufan era um rei muito idoso. Um dia, sentindo saudades do filho Xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos orixás, consultou um babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse. Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa (pasta extraída do caroço de dendê e fazer tudo o que lhe pedissem assim como, jamais revelar sua identidade em qualquer situação. Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho encontrou Exu Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. com boas maneiras, ele pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. o velho orixá, lembrando as palavras do babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. derramou todo o dendê sobre Oxalufan. o orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. mais adiante encontrou Exu Onidu, dono do carvão e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas continuando sua caminhada rumo ao reino de Xangô. Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, e Oxalufan lembrando do conselho do babalaô de manter segredo de sua identidade, nada reclamou...Eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis. Preocupado com isso, Xangô consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o orixá. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida. É por isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se “As Águas de Oxalá”, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.
Oxalufan tinha um filho chamado Oxaguian, muito valente e guerreiro que almejava ter um reino a todo custo. Era um período de guerras entre dois reinos vizinhos e seus habitantes perguntavam sempre aos babalaôs o que fazer para que a paz voltasse a reinar. Um dos sacerdotes respondeu que eles deveriam oferecer ao orixá da paz, que se vestia de branco, como uma pomba, muito inhame pilado, comida de sua preferência. Oxaguian, cujo nome significa "comedor de inhame pilado", apreciava tanto essa comida que ele próprio inventou o pilão para fazê-la. Depois que as oferendas foram entregues, tudo voltou as boas. Oxaguian tornou-se conhecido por todos e conseguiu seu próprio reino. Até hoje são oferecidas grandes festas a esse orixá para que haja fartura o ano todo.

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