09 junho 2009

Lendas dos Orixas:Logun edé

Logun ede ganha domínio dado por Olorun
que recebera de
No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da natureza, não
permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse. Guardavam sua sabedoria
como a um tesouro.
É nesse contexto que vivia a mãe das água doces, Osun, e o grande caçador
Odè. Esses dois orixás constantemente discutiam sobre os limites de seus
respectivos reinados, que eram muito próximos.
Odè ficava extremamente irritado quando o volume das águas aumentavam e
transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta.
Osun argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à irrigação e
fertilização da terra, missão Olorun. Odè não lhe dava
ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com a inundação.
Olorun resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamente esses
reinados, para tentar apaziguá-los.
A floresta de Odè logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas. A
vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era mais
fértil. Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água para
beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez mais raras.
Odè não se desesperou, achando que poderia encontrar alimento em outro
lugar.
Osun, por sua vez, sentia-se muito só, sem a companhia das plantas e dos
animais da floresta, mas também não se abalava, pois ainda podia contar com
a companhia de seus filhos peixes para confortá-la.
Odè andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia encontrar
caça em lugar algum. Em todos os lugares encontrava o mesmo cenário
desolador. A floresta estava morrendo e ele não podia fazer nada.
Desesperado, foi até Olorun pedir ajuda para salvar seu reinado, que estava
definhando.O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta d’água estava
matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que fez foi necessário
para acabar com a guerra. A única salvação era a reconciliação.
Odè, então, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Osun, propondo a ela
uma trégua. Como era de costume, ela não aceitou a proposta na primeira
tentativa. Osun queria que Odé se desculpasse, reconhecendo suas
qualidades. Ele, então, compreendeu que seus reinos não poderiam
sobreviver separados, unindo-se novamente, com a benção de Olorun.
Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logunede, que iria
consolidar esse "casamento", bem como abrandar os ímpetos de seus pais.
Logunede sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens das águas, onde
havia uma vegetação abundante. Sua intervenção era importante para evitar
as cheias, bem como a estiagem prolongada. Ele procurava manter o
equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor maneira para estabelecer a paz e a fertilidade.
Conta uma outra lenda que as terras e as águas estavam no mesmo nível, não havendo limites definidos.
Logunede, que transitava livremente por esses dois domínios, sempre tropeçava quando passava de um reinado para o outro. Esses acidentes deixavam Logunede muito irritado.
Um dia, após ter ficado seis meses vivendo na água, tentou fazer a transição
para o reinado de seu pai, mas não conseguiu, pois a terra estava muito
escorregadia. Voltou, então, para o fundo do rio, onde começou a cavar
freneticamente, com a intenção de suavizar a passagem da água para a
terra. Com essa escavação, machucou suas mãos, pés e cabeça, mas conseguiu fazer
uma passagem, que tornou mais fácil sua transição. Logunede criou, assim, as margens dos rios e córregos, onde passou a dominar. Por esse motivo, suas oferendas são bem aceitas nesse local.
Logun Edè é salvo das águas
Logun Edè era filho de Oxóssi com Oxun.
Era príncipe do encanto e da magia.
Oxóssi e Oxum eram dois Orixás muito vaidosos.
Orgulhosos, eles viviam às turras.
A vida do casal estava insuportável
e resolveram quue era melhor separar.
O filho ficaria metade do ano nas matas com Oxóssi
e a outra metade com Oxun no rio.
Com isso, Logun se tornou uma criança de personalidade dupla:
cresceu metade homem, metade mulher.
Oxun proibiu Logun Edè de brincar nas águas fundas,
pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade.
Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais.
Logun nào obedecia à mãe.
Um dia Logun nadou rio adentro, para bem longe da margem.
Obá, dona do rio,para vingar-se de Oxum,
com quem mantinha antigas querelas,
começou a afogar Logun.
Oxum ficou desesperada
e pediu a Orunmilá que lhe salvasse o filho,
que a amparasse nos eu desespero de mãe.
Orunmilá que sempre atendia à filha de Oxalá,
retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra.
Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores
e a todos que vivessem das águas doces.
Dizem que Oiá quem retirou Logun Edè da água
e terminou de criá-lo juntamente com Ogun.
[ Lenda 66 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Logun Edè rouba segredos de Osalà
Logunede era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso.
Era um caçador pretensioso e ganancioso,
e muitos os bajulavam pela sua formosura.
Um dia Oxalá conheceu Logun Edè
e o levou para viver em sua casa sob sua proteção.
Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão.
Mas Logun Edè queria muito mais, queria mais.
E roubou alguns segredos de Oxalá.
Segredos que Oxalá deixara à mostra,
confiando na honestidade de Logun.
O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô.
Deu as costas a Oxalá e fugiu.
Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição
do caçador que levara seus segredos.
Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer
e muito calmamente sentenciou
que toda a vez que Logun Edè usasse um dos seus segredos
todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
"Que maravilha o milagre de Oxalá!".
Toda a vez que usasse seus segredos
alguma arte não roubada ia faltar.
Oxalá imaginou o caçador sendo castigado
e compreendeu que era pequena a pena imposta.
O caçador era presumido e ganancioso,
acostumado a angariar bajulação.
Oxalá determinou que Logun Edè fosse homem
num período e no outro depois fosse mulher.
Nunca haveria assim de ser completo.
Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça,
e noutro tempo, no rio, comendo peixe.
Nunca haveria de ser completo.
Começar sempre de novo era sua sina.
Mas a sentença era ainda nada
para o tamanho do orgulho do Odè.
Para que o castigo durasse a eternidade,
Oxalá fez de Logun Edè um orixá.

Logun Edé (lógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.
Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.
Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.
Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e prósperas da África, mas o seu culto na região está em via de extinção.
Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólòlún Ode – o guerreiro caçador – o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observarmos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos.
Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé.
A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino:
- Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.
Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não poderia separar-se de seu filho então declarou:
- Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: uma princesa na floresta e um caçador sobre as ondas!
Características dos filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme e elegância. Tem também características em comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança. No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial.
A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Oxóssi e de Oxum não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos exacerbam-se. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se lhes pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem um olhar especial, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São do tipo ‘bonitinho mas ordinário’. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. O melhor não lhes fazer elogios na sua presença, a não ser que queira ver a sua imensa cauda de pavão abrir em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis. Os filhos de Logun Edé não andam! Pairam no ar!
DADOS PESSOAIS SOBRE O ORIXÁ
Nome: Logun-Edé
Filiação: Osun e Osossi
Odú: Obará e Osé
Dia da semana: quinta-feira e sábado
Data: 19 de abril
Cor: Amarelo Ouro e Azul Turquesa
Folhas: Oripepê, wobomuú e todas as folhas de Osun e Osossi
Flores: lírios, rosas amarelas, palma, girassol e todas as flores miudinhas
Frutas: melão, maçã, banana, pêra, uva, ameixa.
Símbolo: o ofá (arco e flecha), ogê (um tipo de chifre de boi que é usado para emitir um som chamado Olugboohun - cuja tradução é “O Senhor escuta minha voz”), o Iru Kere (cetro com rabo de cavalo, boi ou búfalo, que ele usa para manejar os espíritos da floresta), e abebé
Domínio: mata e cachoeiras, beira de rio
Axé: o mesmo que Oxossi e Oxum
Oferenda: omolokun (feijão fradinho e ovos cozidos), axoxô (milho cozido com coco)
Sincretismo: São Miguel Arcanjo
Partes do corpo: antebraço, braço, cabelo do corpo e pulmão, todo o rosto, o baixo ventre, o baço, às vezes o coração; patrono do ventre, da terceira visão e da circulação sangüínea (os rios).
Saudação: loci-loci logun
Mineral: coral e ouro
Toque: jexá e barra-vento
Elemento: terra e água
Atividade: Caça e Pesca
Qualidades:
Logun Edé Loko: Tem fundamentos com Exu.
Logun Edé Ybain: É um recém nascido Apanan: Todos comem com Exu e Oxossi. Seus fundamentos estão em sua mãe de criação, Oxum Onira, sem ela Logun não caminha. Toda pessoa de Logun tem que assentar Oxum Onira e de Oxum Onira tem que assentar Logun. Assenta-se também Ybualamo, Yponda e Opará.



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