25 junho 2009

Lendas dos orixas:Ewa

Ewá é escondida por seu irmão Oxumaré

Filha de Nanã também é Ewá. Ewá é o horizonte, o encontro do céu com a terra. É o encontro do céu com o mar. Euá era bela e iluminada, mas era solitária e tão calada. Nanã, preocupada com sua filha, pediu a Orunmilá que lhe arranjasse um amor, que arranjasse um casamento para Ewá. Mas ela desejava viver só, dedicada à sua tarefa de fazer criar a noite no horizonte, mandando sol com a magia que guarda na cabeça adô. Nanã porém, insistia em casar a filha.
Ewá pediu então ajuda a seu irmão Oxumarê. O Arco-Íris escondeu Ewá no lugar onde termina o arco de seu corpo. Escondeu Ewá por trás do horizonte e Nanã nunca mais pôde alcançá-la. Assim os dois irmãos passaram a viver juntos, lá onde o céu encontra a terra. Onde ela faz a noite com seu adô.
Ewá livra Orunmilá da perseguição da morte.

Orunmilá era um babalaô que estava com um grande problema. Orunmilá estava fugindo da morte, de Icu, que o queria pegar de todo jeito. Orunmilá fugiu de casa para se esconder. Correu pelos campos e ela sempre o perseguia obstinada. Correndo e correndo, Orunmilá chegou ao rio. Viu uma linda mulher lavando roupa. Era Ewá lavando roupa junto à margem. ”Por que corres assim, senhor? De quem tentas escapar?” Orunmilá só disse: ”hã, hã”. Foges da morte? Adivinhou Ewá. ”Sim”, respondeu ele.
Ewá então o acalmou. Ela o ajudaria. Ewá escondeu Orunmilá sob a tábua de lavar roupa, que na verdade era um tabuleiro de Ifá, com fundo virado para cima.E continuou lavando e cantando alegremente. Então chegou Icu, esbaforida. Feia, nojenta, moscas envolvendo-lhe o corpo, sangue gotejando pela pele, um odor de matéria putrefata empestando o ar. A morte cumprimentou Ewá e perguntou por Orunmilá. Ewá disse que ele atravessara o rio e que àquela hora devia estar muito, muito longe, muito alem de outros quarenta rios.
Ewá tirou Orunmilá de sob a tábua e o levou para casa são e salvo. Preparou um cozido de preás e gafanhotos servido com inhames bem pilados. À noite Orunmilá dormiu com Ewá e Ewá engravidou. Ewá ficou feliz pela sua gravidez e fez muitas oferendas a Ifá. Ewá era uma mulher solteira e Orunmilá com ela se casou. Foi uma grande festa e todos cantavam e dançavam. Todos estavam felizes. Ewá cantava: ”Orunmilá me deu um filho”. Orunmilá cantava: ”Ewá livrou-me da morte”. Todos cantavam: ”Ewá livra de Icu”. Todos cantavam: ”Ewá livra de Icu”.
Ewá se desilude com Xangô e abandona o mundo dos vivos. Ewá filha de Obatalá, viva enclausurada em seu palácio. O amor de Obatalá por ela era possessivo. A fama de sua beleza chagava a toda parte, inclusive aos ouvidos de Xangô. Mulherengo como era, Xangô planejou seduzir Ewá. Empregou-se no palácio para cuidar dos jardins. Um dia Ewá apareceu na janela e deslumbrou-se com o jardineiro. Ewá nunca vira um homem assim tão fascinante. Xangô deu muitos presentes a Ewá. Deu-lhe uma cabaça enfeitada com búzios, com uma obra por fora e mil mistérios por dentro, um pequeno mundo de segredos, um adô. E Ewá entregou-se a Xangô. Ele fez Ewá muito infeliz até que ela renegou sua paixão. Decidiu se retirar do mundo dos vivos e pediu ao pai que a enviasse a um lugar distante, onde homem algum pudesse vê-la novamente. Obatalá deu então a Ewá o reino dos mortos, que os vivos temem e evitam. Desde então é ela quem domina o cemitério. Ali ela entrega a Oyá os cadáveres dos humanos, os mortos que Obaluaê conduz a orixá Oco, e que orixá Oco devora para que voltem novamente à terra, terra de Nanã de que foram um dia feitos. Ninguém incomoda Ewá no cemitério.
Características dos filhos de Ewá

Pessoas de beleza exótica, diferenciam-se das demais justamete por isso. Possuem tendência a duplicidade: Em algumas ocasiões podem ser bastante simpáticas, em outras são extremamente arrogantes; às vezes aparentam ser bem mais velhas ou parecem meninas, moças ingênnuas e puras. Apegadas à riqueza, gostam de ostentar, de roupas bonitas e vistosas, sempre acompanham a moda, adoram elogios e galanteios. São pessoas altamente influenciáveis, que agem conforme o ambiente e as pessoas que a cercam, assim, podem ser contidas damas da alta sociedade quando o ambiente requisitar ou mulheres populares, falantes e alegres em lugares menos sofisticados. São vivas e atentas, mas sua atenção está canalizada para determinadas pessoas ou ocasiões, o que as leva a se desligar do resto das coisas. Isso aponta certa distração e dificuldade de concentração, especialmente em atividades escolares.
Qualidades des Ewa

Ewá Gebeuyin: A primeira a surgir no mundo. Faz os banhos de ervas darem positivamente e traz a abundância de alimentos. Veste vermelho maravilha e amarelo claro. Come com Omolu, Oyá e Oxum. Nas tempestades ela pode se transformar numa serpente azulada.

Ewá Gyran: É a deusa dos raios do sol. Controla os raios solares para que eles não destruam a terra. É a formação do arco-íris duplo que aparece em torno do sol. Metade é Ewá e a outra é Bessem. Platina, rubi, ouro e bronze vão em seu assentamento. Come com Omolu, Oxum e Oxossi.

Dia da semana: Sábado

Cores: Vermelho Vivo, Coral e Rosa

Símbolos: Ejô (cobra) e Espada, Ofá (lança ou arpão)

Elementos: Florestas, Céu Rosado, Astros e Estrelas, Água de Rios e Lagoas

Domínios: Beleza, Vidência (sensibilidade, sexto sentido), Criatividade

Saudação: Ri Ro Ewá!

Orígem e História

Ewá é uma bela virgem que entregou seu corpo jovem a Xangô, marido de Oya, despertando a ira da rainha dos raios. Ewá refugiou-se nas matas inalcançáveis, sob a proteção de Oxossi, e tornou-se guerreira valente e caçadora abilidosa.

Ewá transforma-se numa fonte e sacia a sede dos filhos.

Havia uma mulher que tinha dois filhos, aos quais amava mais do que tudo. Lavando as crianças, ela ia todos os dias à floresta em busca de lenha, lenha que ela recolhia e vendia no mercado para sustentar os filhos. Seu nome era Ewá e esse era seu trabalho, ia ao bosque com seus filhos todo dia.

Uma vez, os três estavam no bosque entretidos quando Ewá percebeu que se perdera. Por mais que procurasse se orientar, não pôde Ewá achar o caminho de volta. Mais e mais foram os três se embrenhando na floresta. As duas crianças começaram a reclamar de fome, de sede e de cansaço. Quanto mais andavam, maior era a sede, maior era a fome. As crianças já não podiam andar e clamavam à mãe por água. Ewá procurava e não achava nenhuma fonte, nenhum riacho, nenhuma poça d’água. Os filhos já morriam de sede e Ewá se desesperava. Ewá implorou aos deuses, pediu a Olodumare.

Ela deitou-se junto aos filhos moribundos e, ali onde se encontrava, Ewá transformou-se numa nascente d’água. Jorrou da fonte água cristalina e fresca e as crianças beberam dela. E os filhos de Ewá sobreviveram. Mataram a sede com água de Ewá. A fonte continuou jorrando e as águas se juntaram e formaram uma lagoa. A lagoa extravasou e as águas mais adiante originaram um novo rio. Era o rio Ewá, o Odô Ewá.

Ewá é presa no formigueiro por Omulu.

Ewá era uma caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se atrevesse a olhar para ela. Ewá casou-se com Omulu, que logo demonstrou ser marido ciumento.
Um dia, envenenado pelo ciúme doentio. Omulu desconfiou da fidelidade da mulher e a prendeu num formigueiro. As formigas picaram Ewá quase até a morte e ela ficou deformada e feia.Para esconder sua deformação, sua feiúra, Omulu então a cobriu com palha-da-costa vermelha. Assim todos se lembrariam ainda como Ewá tinha sido uma caçadora de grande beleza.

Ewá casa-se com Oxumarê.



Ewá andava pelo mundo, procurando um lugar para viver. Ewá viajou até a cabeceira dos rios e aí junto às fontes e nascentes escolheu sua morada. Entre as águas Ewá foi surpreendida pelo encanto e maravilha do Arco-Íris. E dele Ewá loucamente se enamorou. Era Oxumarê que a encantava. Ewá casou-se com Oxumarê e a partir daí vive com o Arco-Íris, compartilhando com ele os segredos do universo.

Ewá atemoriza Xangô no cemitério.

Numa manhã coberta de neblina, sem suspeitar onde se encontrava, Xangô dançava com alegria ao som de um tambor. Xangô dançava alegremente em meio à névoa quando apareceu uma figura feminina enredada na brancura da manhã. Ela perguntou-lhe por que dançava e tocava naquele lugar. Xangô, sempre petulante, respondeu-lhe que fazia o que queria e onde bem lhe conviesse.

A mulher escutou e respondeu-lhe que ali ela governava e desapareceu aos olhos de Xangô. Mas ela lançou sobre Xangô os seus eflúvios e a névoa dissipou-se, deixando ver as sepulturas. Xangô era poderoso e alegre, mas temia a morte e os mortos, os eguns. Xangô sentiu-se aterrorizado e saiu dali correndo.

Mis tarde Xangô foi à casa de Orunmilá se consultar e o velho disse-lhe que aquela era Ewá, a dona do cemitério. Ele estava dançando na casa dos mortos. Xangô sentia pavor da morte e desde então nunca mais entrou num cemitério, nem ele nem seus seguidores.

Ewá é expulsa de casa e vai morar no cemitério.

Ewá era filha de Obatalá e vivia com seu pai em seu palácio. Era uma jovem linda, inteligente e casta. Ewá nunca havia demonstrado interesse por homem algum. Um dia, chegou ao reino um jovem de nome Boromu. Dias depois todos já cochichavam que Ewá estava enamorada do forasteiro. Obatalá riu-se da história pois, confiava em sua filha. Obatalá garantiu que ela ainda era uma flor nova e não queria experimentar desse encanto.

Passado algum tempo, Ewá mudou.Tornou-se Ewá triste, distante, distraída. Obatalá fez tudo para fazer a filha novamente feliz. Obatalá enviou a filha à terra dos homens Ele não sabia que Ewá carregava um filho em seu ventre. Uma noite, Ewá sentiu as dores do parto e fugiu do palácio. Refugiou-se na mata, onde teve o filho. O rei foi informado do sumiço de Ewá e mobilizou todo o reino para encontrar sua filha. Boromu soube da fuga e partiu para procurá-la. Acabou por encontrar Ewá desfalecida no chão de terra, coberta apenas por uma saia bordada com búzios. Ewá despertou e contou-lhe o ocorrido. Fugira com vergonha de apresentar-se ao rei. Ewá sentiu então falta do rebento e perguntou por ele a boromu.

Boromu, querendo que Ewá retornasse ao palácio, escondera o recém-nascido na floresta. Mas quando o procurou já não mais o encontrou. Pois, perto do lugar onde deixou o filho, vivia Iemanjá. E Iemanjá escutou o pranto do bebê, recolheu-o e prometeu criá-lo como se fosse filho seu. Ewá nunca mais encontrou seu filho.

Tempos depois, Ewá foi ao palácio pedir perdão ao pai, mas o rei ainda estava irado e a expulsou de casa. Naquele dia Ewá partiu envergonhada. Cobriu o seu rosto com a mesma saia bordada de búzios e foi viver no cemitério, longe de todos os seres vivos. Nunca mais viu seu filho. Ele foi criado por Iemanjá, que deu a ele o nome de Xangô. Ninguém sabe quem é a mulher do cemitério. De onde vem e por que ali está. Tudo o que ocorreu é o seu segredo.

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